Las Médulas
Situada a oeste da província de Leon, em Espanha, a comarca de El Bierzo é uma região de grande encanto natural, essencialmente pela bela paisagem que oferece, com vales e montanhas, planícies e bosques autóctones vinhedos e águas cristalinas em abundância.
Nesta região, dominada pela cidade de Ponferrada, encontramos uma antiga mina de ouro a céu aberto, explorada pelos romanos no primeiro século depois de Cristo - Las Médulas.
Património Mundial, pela UNESCO, este complexo mineiro, extraordinariamente bem preservado, evidencia toda a técnica usada então, a qual se baseava na energia hidráulica. Os vestígios do uso dessa tecnologia são visíveis, quer nas encostas avermelhadas, quer nos túneis ou nas áreas de despejo das escórias.
Ao viajante, este legado não passa despercebido, por isso consideramos o passeio como uma autêntica viagem no tempo.
Miradouro de Orellán
Para conhecer Las Médulas, é imprescindível ir preparado. Extrair o prazer absoluto do que nos proporcional o local, sob os pontos de vista histórico e da paisagem, implica caminhar, repisar as pegadas ancestrais e respirar a atmosfera envolvente.
Partimos de Ponferrada, de carro, por uma estrada pouco movimentada, que nos levou ao parque de estacionamento de Lás Médulas em menos de 30 minutos. Já lá estavam outras viaturas de outros caminheiros, apesar de se estar em outubro, com uma manhã propícia, em termos de meteorologia.
Do parque, segue-se pela aldeia, antes de entrar no trilho, devidamente assinalado.
Depois, é só apreciar.
O percurso é relativamente fácil, apesar dos seus cerca de 11 quilómetros, que fizemos em menos de 4 horas, com as paragens necessárias para o registo fotográfico e para a visita aos túneis. À medida que se progride, múltiplos são os pontos de interesse que vamos encontrando. Logo no início, um frondoso bosque de castanheiros, velhos, talvez seculares, alguns exibindo formas estranhas, todos eles proporcionando um silêncio apaziguador e uma calma deveras relaxante.
Aspetos da paisagem ao longo do trilho
Depois, os pináculos avermelhados que emergem do verde do vale, vão-se mostrando na sua beleza e plenitude. Há quem afirme ser esta uma das minas mais bonitas do mundo. Mesmo ser ter visto as outras, não podemos estar menos de acordo.
Na exploração do minério precioso, foram escavados quilómetros de túneis e galerias, nas quais era injetada água, que faria escorrer o ouro (com todos os detritos sedimentares) para as zonas de recolha, mais baixas. Esta técnica fazia com que a água escavasse o subsolo argiloso até que o mesmo acabasse por colapsar, dando assim origem à paisagem única que hoje se aprecia. Técnica da Ruina Montium (colapso ou queda das montanhas).
Paisagem de Las Médulas
No nosso percurso incluímos a imprescindível visita ao interior das galerias. Esta visita é paga (na altura, 3 euros/pessoa). É fornecido um capacete de segurança, que dá imenso jeito, já que o túnel tem passagens mais baixas, com agravamento do risco de algumas cabeçadas no teto rugoso. O percurso está iluminado e não há risco de enveredar por túneis não assinalados, pois estes estão encerrados. Após cerca de 200 metros nas entranhas da terra, desemboca-se numa esplendida gruta, aberta para a encosta, que proporciona uma vista magnífica.
Esta visita demora cerca de 20 minutos.
O miradouro de Orellán é outro dos pontos de interesse deste percurso circular. Situa-se na parte mais elevada do mesmo, a cerca de 1046 metros de altitude, e proporciona uma ampla visão sobre Las Médulas e sobre os horizontes distantes.
No regresso, passa-se por La Cuevona, a maior e mais monumental gruta do complexo, na altura encerrada por questões de segurança.
Apesar do seu encerramento, é (ou foi) possível chegar junto da sua entrada, que se assemelha a uma catedral. É um desvio de poucos metros no percurso que vale mesmo a pena.
La Cuevona
O final do percurso é na aldeia, muito virada para acolher o turista, pelo que a compra do "recuerdo" foi "obrigatória" e o almoço numa acolhedora esplanada, à sombra da vinha e das árvores de fruto não faltou. Boa comida e simpatia genuína.
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